terça-feira, 26 de março de 2013

Felicidade - Guilherme de Almeida



Ela veio bater à minha porta
E falou-me ao sorrir, subindo a escada:
"- Bom dia, árvore velha e desfolhada"
E eu respondi: "- Bom dia, folha morta!"

Entrou: e nunca mais me disse nada...
Até que um dia ( quando, pouco importa! )
Houve canções na ramaria torta
E houve bandos de noivos pela estrada...

Então chamou-me e disse: "Vou-me embora!
Sou a felicidade! vive agora
Da lembrança do muito que te fiz"

E foi assim que em plena primavera,
Só quando ela partiu contou que era...
E nunca mais eu me senti feliz!




Difícil aceitar que felicidade tem que ser repartida; que não é pra ser sentida, porém vivida. E que quase sempre está tão perto, quando a buscamo tão longe.
O inconformismo de querer mais e mais, às vezes leva ao desprezo do que é mais significativo, mais importante.
E banaliza-se tanto, com frases do tipo: "não tenho tudo que quero, mas amo tudo que tenho", ecos desprovidos de sentimentos e razões, porque a prática, essa é bem diferente.

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