quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Vida Incerta - Olindo Santana

Uma vez que a vida é incerta,
amanhã, quem sabe,
terás saudades minha?..

Ainda que por ironia,
antes que o teu mundo desabe,
talvez queira provar da minha agonia,
dessas que no peito não cabe.

E saberás como me senti,
por quantas vezes que tanto te quis.

" A dor desesperada,
quebrando o silêncio da alma,
mendigando por algumas migalhas,
coisas que, quem ama não deve fazer ".

E buscarás por mim,
e eu...
eu não me vingarei de você,
porque te espero chorando,
cada dia mais e mais te amando.

E não poderia te fazer sofrer...
Embora que nem desconfies,
que eu preferiria morrer,
a ver o teu sofrimento crescer.

Porque tudo por ti foi conquistado:
- tudo de mim te foi doado,
e já não vivo mais por mim,
mas pela vida
que te entrego de bom grado.


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Teu Ser, Meu Ser - Olindo Santana

Todo o teu ser me inspira.
Toda a tua forma,
me dá ritmo.
E eu te componho,
e te desenho,
e te descrevo,
discretamente...

Você é a batida mais forte do meu coração.
E como era ele triste,
e como era lento,
e como triste eram seus lamentos,
antes desses belos sentimentos.

Todo o meu ser te reclama.
E pede o teu jeito,
e cheira a tua pele...
Reivindica-me em tua vida.
Juntos, sempre, eternamente.
Para que nunca se afaste.
Para que nunca se acabe.
Para que a vida seja sempre toda,
em um único momento.

Porque simplesmente te amo,
além dos limites do limite do amor!



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Você Não Sabe - Olindo Santana

Você não sabe muitas coisas de mim.
Também não lhe interessa saber.
Porque seus olhos são estranhos fugitivos,
que aos meus olhos não quiseram se prender.

Você não sabe quando a dor é tão doída.
Nem que o luar acompanhado é mais bonito.
Porque a saudade só se torna dolorida,
quando as correntes são quebradas sem sentido.

Você não sabe que seu nome é poesia.
Que em metáforas te recrio mais perfeita.
Porque o anjo que descrevo noite e dia,
é o mesmo ser que o tempo todo me rejeita.

Você não sabe que te vejo e estremeço.
Que o meu desejo é sempre o mesmo recomeço.
Porque de certo desconfia se mereço,
amar alguém que por amor jamais esqueço.






domingo, 12 de janeiro de 2014

O Silêncio - Olindo Santana

Quando o silêncio se contradiz,
infeliz, o pensamento se agita.
O coração, eterno aprendiz,
sem respostas, calado grita.

Ideias absurdas se colidem,
não há calma, não há vida...
O males por si transgridem,
a vaidade então consumida.

Incertezas barulhentas,
eis que o silêncio confessa,
o pingo da chuva atormenta,
a dor contida e não se expressa.

Vai o mundo leviano levando
o nobre sentimento sem audição,
enquanto o silêncio vai afundando,
na contraditória e vazia solidão.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ninguém - Olindo Santana

Ninguém devolve à boca
o gosto de um beijo outrora perdido.
Nem devolve ao ouvido
o sussurro de um amor jamais esquecido.

Ninguém substitui o perfume
da pele lavada daquele amor danado.
Nem desperta o mesmo ciúme
do cego costume de um desejo desesperado.

Ninguém traz as mesmas manias,
Nem a mesma solidão das tardes vazias;
não produz as mínimas ironias
que aquele amor despertou um dia.

Não, são apenas vãs satisfações,
à margem do desespero ou da loucura,
mero disfarce, falsas canções,
que entorpece, no entanto, não cura.

E, por essa triste impressão,
firme constatação que aumente a aflição,
apenas uma boca silencia a dor da paixão:
" a boca que também conquistou seu coração ".