quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ninguém - Olindo Santana

Ninguém devolve à boca
o gosto de um beijo outrora perdido.
Nem devolve ao ouvido
o sussurro de um amor jamais esquecido.

Ninguém substitui o perfume
da pele lavada daquele amor danado.
Nem desperta o mesmo ciúme
do cego costume de um desejo desesperado.

Ninguém traz as mesmas manias,
Nem a mesma solidão das tardes vazias;
não produz as mínimas ironias
que aquele amor despertou um dia.

Não, são apenas vãs satisfações,
à margem do desespero ou da loucura,
mero disfarce, falsas canções,
que entorpece, no entanto, não cura.

E, por essa triste impressão,
firme constatação que aumente a aflição,
apenas uma boca silencia a dor da paixão:
" a boca que também conquistou seu coração ".


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